terça-feira, 25 de abril de 2017

Dor


Dói atirar ao alvo e errar. Dói mais ainda tentar uma segunda, terceira, quarta, quinta vez e continuar errando. Dói tanto as tentativas em falso que acreditamos não acreditar mais em nós. A dor é tamanha que deixamos de existir, sumimos em si e nos outros. Sumimos do mundo e dos desejos. Errar faz parte, mas dói. Perder as palavras ou o controle delas é pior ainda. A dor faz isso, ranca os pedaços nos forçando errar mais ao fazer o que não deveríamos, no impulso. Não adianta ser uma moça transbordando carinho se não tem quem as tenha e as sinta. Não adianta ser e não ter quem o tenha. Não adianta. Por isso dói, você desiste, se cega e cai na armadilha todas às vezes. Você confia e acredita ter para si a maior oportunidade da sua vida, logo, não pode perde-la. Daí você atira e... perde. É doído, mas passa. E não tem quem mereça o mínimo, e não tem quem não mereça amar e ser amado. E não tem quem mereça desistir antes de atirar. E por não ter quem não mereça, não há quem o faça morto. Doer é natural, resignar-se não. 

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