segunda-feira, 26 de junho de 2017

Quando se quer ir...


Mais uma vez deu errado. E a expectativa que criei feriu-me como nunca. Talvez um dia eu até aprenda não me arriscar tanto ou pelo menos, não acreditar no que dizem os outros. O outro. Mas dessa vez, sabe-se lá o porquê, a mágoa tem se prolongado, se negado a curar. Tem doído aos poucos e justamente por isso, intensamente. E eu ainda mal posso acreditar que deu errado, que acabou. Parecia tudo tão bem. A gente compreendia mutualmente os espaços e os silêncios do outro sem supor que isso fosse um pausa no amar. A gente sabia se aninhar sem aflição e acabava for observar carinhosamente a comunicação não expressa do outro. A gente curtia para valer e fazia tudo sempre magnificamente. E se eu não gostasse disso ou daquilo, você entendia meus motivos. Mas deu errado. E acabou.
Um dia, eu me lembro, brincamos de fazer juras um para o outro e eu prometi morrer por você, se precisasse. Mais além, você assegurou nunca me deixar só. E eu inocentemente acreditei. Não havia razões ou circunstâncias que mudasse minhas decisões. Elas estavam tomadas e concluídas. E qualquer que fosse que nos julgasse, dávamos de ombro. Você não me culpava, muito menos eu o fazia. E assim foi por muito tempo, ou melhor dizendo, o nosso curto e infinito tempo.
E, quantos infinitos vivemos eu não sei dizer. A única coisa que posso afirmar é que ao final de cada um deles, sentia-me pronta para que nada mais houvesse: você me bastava. Acabou. E eu sinceramente ainda não acredito. O que houve, afinal? Nossas diferenças e a distância entre a gente não mudou o que sentimos e eu sei que, aí onde está, você se remói tal como faço todas as manhãs. O que houve, afinal?
Mais uma vez deu errado. Até diria que está tudo bem, caso fosse verdade. Mas, não é. E não importa quanto tempo durará, dores vão e vem. E a gente segue em frente. Toca o barco. E agora? Agora eu quero ir...

“Agora eu quero ir
Pra me reconhecer de volta
Pra me reaprender
E me apreender de novo
Quero não desmanchar com teu sorriso bobo
Quero me refazer
Longe de você”*.

*Agora eu quero ir - Anavitória