terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

PENSAMENTOS #01



   Poucas coisas têm me agradado. Poucas coisas têm me retirado da zona de neutralidade sentimental. São poucas as coisas que me elevam progressivamente. Sinto a idade de espírito chegar. Sinto dores nas costas... Puro sedentarismo. Sinto a futilidade no ar, corro pra me esconder. Me escondo em mim mesma. Tenho uma feição pálida. Não é doença. Não é depressão. Tenho me alimentado bem. É falta de sol. A chuva cai e eu mal percebo. O trânsito corre. Pessoas se reproduzem. Morrem. Sinto-me mais abençoada. Sinto-me mais amaldiçoada. E eu lá sei de alguma coisa? As dores vão subindo pelo pescoço, escorrem pelos braços, pulam dos dedos das mãos para os joelhos, escorregam pro pé.
     Até tenho saído. Em lugares onde o número de pessoas é o suficiente para me fazer sentir em casa. Mesmo assim, poucas coisas têm me agradado. A escuridão tem-me feito bem. Os sonhos também. Eu corro mais para o que é interno. Minha face anda sem muitos sorrisos. Nada de infelicidade. Compreensão das alegrias raras. Nada é tão contínuo assim. Sentimentos não passam de selvagerias expostas. Me impressiono por saber de certas coisas, quero saber mais. Acabo não sabendo de nada.
     Todos meus amigos se foram. Nunca pedi fidelidade deles. Nunca pedi fidelidade de ninguém. Nunca implorei para que me fizessem carinho. Não imploro por amor. Não imploro nem pela vida. Vida é ... Vida é espera. Nem sei se é certo querer tanto de alguém. Nem sei se é certo sugar tanto de outrem. Doar-me tanto não me parece saudável também. As pessoas buscam por um certo ‘equilíbrio’. O que é equilíbrio? Onde ele está? Mentiras. Mentiras aqui. Mentiras lá. Marketing. Justiça. Dinheiro. Paz. Casamento. Mentiras por todos os lados. Ah, menos.
     Um tanto de gente sem sal. Sem graça. Corretas para si e para o mundo. Human Nature. Daquele jeito. Queria eu ver uma coluna de fogo e conhecer outros planetas. Não gosto quando me perguntam se uso drogas. O cheiro de cigarro me faz um puta mal. Álcool. Comida. Netflix. Músicas. Costumo recomendar: não confie em ninguém. Pessoas são traiçoeiras. Pessoas querem sucesso. Querem sexo. Querem troféus reais. Não confie. Não use drogas. Não seja falso consigo. Não seja falso com o mundo. Não seja sem sal. Mas se quiser, seja. Tanto faz. Aliás, tanto faz.
     No final das contas eu não vou aguentar. No final da história todos tiram a roupa. Todos sucumbem. “Olha, eu vou te ser bem sincero. Eu tô com uma vontade danada de te entregar todos os beijos que eu não te dei”. Queria tanto você por aqui. É, você. Sem nome. Sem endereço. Sem existência. Te queria. Te queria muito. Te amo. Só não te garanto nada. 

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