PERMITIR IR
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Me aborrece
despedidas. Talvez seja meu ego inflado que sopra o desejo de te ter por perto
o tempo todo. E entendo bem que não é necessário esse medo que me assola porque
minha esperança é cheia de fé. Mesmo assim, me aborrece despedidas. Pois sinto
que cada palavra de adeus fere vagarosamente o peito. E contudo, com todo o
temor de despedidas, consigo ainda sonhar com um último sorriso bem doado para
quem merece. Um abraço infinito dentro das infinidades que podemos usar e um
olhar que transmita todo o meu querer que fique e não parta.
Refletindo
sobre isso, posso até me alegrar de alguns fatos. “Seu lar é onde o seu coração
está”. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Sendo
assim, se bem consegui me deixar um pouco por alguém que cativei, sei que este
buscará sua volta em mim e onde nosso carinho nasceu e reinou. Sendo assim,
posso acreditar que distância alguma impedirá que as boas coisas sejam vistas,
porque sei que o essencial os olhos não enxergam. Os olhos (ah, os olhos!), eles
veem aquilo que suas paixões imploram. E por isso afirmo: somente o amor
constrói.
E sabe? Há uma
combinação pessoal que cada ser desenvolve com as experiências da vida.
Entregar as chaves dessa combinação é como um dom. Um dom que desenrolará uma bela trama. A
despedida nos revela ao certo a quem oferta-las. Então, vale implorar? Mesmo
sabendo que se vai, é lícito que se empeça? Eu diria que não. Não e não. Acima
das fisgadas deste anzol que à força te pesca de quem se vai, existe uma
certeza de que nesse mar se amou. E se se amou, amados, o que mais querem se
não o riso das boas novas que há de vir? Peçam o que tenham de pedir e
conservem a fé.
Mas a
saudade... Sim, como essa corre veloz. Não se pode nem assimilar calmamente a
partida e ela nos envolve com esses braços de agonias e vazios. Escute só Sra.
Saudade! Que a senhora fique bem informada de que eu não irei afundar-me nos
teus enlaces. Agora mesmo eu já gargalho com as paisagens que imagino em
utopias. É a Volta. Ela vem cuidadosamente. E por isso é bem aceita. Não
machuca e não fere. É a Dona Volta! Ela
traz consigo quem eu mais quero que regresse para permanecer. Que grande dia!
E quem se vai?
Que nunca, nunca mesmo, venha a cogitar que andas sozinho novamente. Olhe o céu
e me encontre por lá. Fite o dia e as nuvens, tão gratuitas, e ache-me. Busque
as melhores memórias e lá, me idealize. Basta isso. E aqui, minha voz estará
clamando pelas melhores sortes apenas para ti. E mais! Aqui, estarei preparando
o seu retorno com todo esmero e afeição, para que quem se vá, possa sempre
tornar e dizer, que aqui é naturalmente, o SEU lugar!
E nesse
alvoroço todo, acabou que se foi. Foi triste. Foi noite. Choros e apertos de
mãos. Carinhos que percorriam os dedos em um achegar final. Uma retrospectiva que
nos rodeava. Essa pessoa que já me acolheu nos braços e no peito, que sorriu
para mim e me admirou com pureza, somente se foi. Que me cuidou e me ouviu,
viajou. E é por isso, contudo, que me faz sofrer a despedida. É
contraditoriamente que antes mesmo da sua partida, eu já me ressuscito com seu
revir.
Pois bem. É
melhor que não se explique nada mais. De despedida, ponto final. Por fim, prometo
uma ligação e uma oração, verdadeiramente do fundo da alma!
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