segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

REFLEXÕES DE ALGUÉM

             

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem


Renato Russo/Flávio Venturini


               Paciência. Responsabilidade. Maturidade. Sabedoria. Todos unos a um único ser. Nato? Não! É o aprendizado diário que se tem. Inúmeras e inúmeras experiências que nos transformam numa peça de montar. Uma vez lá e outra cá, achamos algo que se encaixa exatamente ao que precisamos. E precisamos por vezes, de algo para nos mostrar luz e amor. Outras, algo que nos marque. Uma espátula, uma talhadeira, uma tesoura e duas parcelas de cordões. Como num presente, nos reformam, enfeitam e embrulham. Dai, nos enviam ao mundo. Difícil e amargurado. Deixam sob nossa responsabilidade a carga de transpor a luz. Irradiar tantos e tantos sorrisos, que nosso cartão de entrada na lida de outrem será somente a alegria e a razão de viver. Algo que nos prende e fixa aqui. Que nos ensina que a vida, sim, é mais que uma situação difícil, um problema não resolvido.
               Sacrifício. Renúncia. Aquilo que a benevolência nos aconselha. A vida implora que você guarde um pouco da infância e seja criança para sempre. O afeto mata qualquer dor, as expulsa de nós e acalma as ondas indóceis do nosso coração. É como um lenço que além de secar nossas lágrimas, cura a alma. O Senhor é aquilo que nos mantém vivo. Seu fôlego está aí para quem quer se sentir oxigenado. Ele nos convida amorosamente para a ceia. Implora que nos alimente do que é verdadeiro bom. E pede, com toda sua benignidade, que fiquemos. 
               São lições. Quem se descobre, passa a enxergar. Deixa de se esconder atrás de muros e medos, receios e preconceitos. Quem vê, sabe que ser menino eternamente é trilhar os caminho de flores e pedras que nos foi deixado. Quem disse que essa terra não é boa? Pois é! Ter seus 60, e saber declamar o que vive. Sentir saudades e assumir que esse sentimento é reflexo do que pensamos todos os tempos de algo ou alguém. É a única loucura boa. Louco pelo bem. Tudo é mais doce quando se sonha o sonho de alguém e a conquista se faz em conjunto. Tudo é mais cintilante quando nosso lar é repleto de vida e paz, quando o futuro se sabe, pois Ele nos prometeu.
               Natureza: da terra ao firmamento. Um toque da família e um bom dia. Jasmins, orquídeas na janela. Um broto no meio da calçada e o calor que forma as belas sombras das nuvens. O céu e um olhar de vislumbramento. É lá que queremos estar. Com ele, ela, mais aquele e aquela também. Um uníssono som dos pássaros. Você é tudo para mim – Saber apaixonar-se. Calar-se e ouvir o silêncio. Ajoelhar-se e desabar. Saber pedir e perdoar. Ouvir sim e não. O velho obrigado e a senhora desculpa. Amar e amar. Amar. Saber experimentar e recusar.
               Mas pelo caminho, vamos nos perdendo das lições, carregando na nossa mochila somente as emoções. Aqueles que por ora, foram importantes para nos desenhar, vão ficando para trás, ao passo que a gratidão vai inflando no peito como uma grande marca de nascença. E nas orações, esquecemo-nos de nós e clamamos por aqueles que neste lugar nos trouxe carregados no colo. Porque até aqui nos ajudou o Senhor.
E o medo de partir vai-se embora e os resultados nítidos estão nas recordações. Que compensou esperar. Que valeu amar. Que foi bom fazer o que é correto. As fases fazem sentido. Das sete faces do Drummond, uma é minha. Sem saber explicar, dizer um adeus. Sua sagrada existência: quem acredita sempre alcança. E sim, é claro que o sol vai raiar amanhã! Ele vai voltar! 



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