sábado, 15 de julho de 2017

Complicado



Complicado.
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    O atributo que te atrai no outro geralmente é aquele que, em você mais agrada ou aquele que você aspira e só encontra em alguém. É difícil porque na maioria dos casos as pessoas levam uma vida cheia de máscaras e para cada máscara infeliz há um aspecto imperfeito que quando encontrado em terceiro nos chamam à atenção. Como explicar, então, que aquela característica peculiar que nos fazem admirar no outro nada mais é do que uma sua de quando ninguém vê?  Não que nos identificamos somente com mentiras encontradas em verdades alheias, mas é mais que certo que o gostar do outro é um processo intrinsecamente ligado ao ego. E é por isso que qualquer afirmação sobre os opostos, as metades e as almas são exacerbadamente relativas e singulares.
   Sim! São singulares as paixões, as atrações, os amores e as ilusões. São únicos os sentimentos, as loucuras, as intenções, os objetivos e as razões. São individuais as ações, os planos, o gostar, o odiar, o agradar e o desprezar. São especiais os romances, as tragédias e os dramas. São particulares os prazeres, os sonhos, os desejos e as volúpias. São inaceitáveis o desprezo e o abandono.
   Complicado.
   Ou é tudo ou é nada. Ou queremos uma divindade preparada exclusivamente para nós ou nos aventuramos em terrenos totalmente desconhecidos na esperança de um relacionamento eterno. Sobre a esperança, está sendo velada. Dos privilégios, não existem divindades. Amar, afinal, é essa coisa de si. Amar é antes de tudo uma necessidade egoísta. Isso porque se ama na intenção da reciprocidade, no desejo de ser amado. Se isso não é uma insuficiência da alma, então não somos capazes de averiguar nossos próprios desejos.
   Apesar disso, o mundo é um aglomerado de pessoas tentando sobreviver e nessa tentativa se esforçam para o compreender de si e dos outros. Ah, o compreender do outro! Isso também é amor. Esse é o segredo, a chave mestra. Não somos peças de um quebra-cabeça. Somos seres implorando compreensão. O que buscamos não é o antagônico de nós, muito menos o equivalente. O que queremos é um pouco de atenção. O que queremos é um tal qual somos. Se descobrimos alguém tão humano quanto nós, então é aquele que amaremos. A impressão de que seremos ao menos atendidos de paciência nos leva a experimentar essas desventuras.
    Complicado.
   Andam por aí com a cara nas telas dos computadores e celulares, baixando apps de encontros, aceitando ou excluindo convites, curtindo e ignorando fotos. Andam falando sobre a fragilidade das relações e, mesmo passado tanto tempo desde a indagação sobre a atração, não surgiu na humanidade, no entanto, uma qualidade em específico chamada paciência. A letra do Iorc sabiamente e poeticamente resumo a história do mundo em tão poucas palavras: a gente teima, antes temia; já não sabe o que sabia.
   O que é que a gente tem na cabeça? Deixamos nosso lado mais animal tomar as rédeas em situações em que a razão e a emoção deveriam ser moderadas. Vamos na pressa de sermos completados e achamos a completude errada. Não! O destino, o carma, a sina, o desígnio e o fim rodam os ares da existência. Vai acontecer! Vai! Calma! Presta atenção, então....
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Vivemos tempos difíceis no amor. Complicado, complicado! 

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